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26 de junho de 2024A Importância da Segurança Psicológica na Cultura Organizacional
Veruska Galvão – 28 de março de 2024
Não é de hoje que o tema liderança me provoca muitas reflexões e até mesmo preocupações. Desde muito cedo me reconheci como líder de pessoas – na escola, na igreja, na comunidade, entre amigos e desde o início da minha carreira profissional. Talvez por esse motivo, eu tenha escolhido me graduar no curso de Psicologia e me especializar e me aprofundar na Psicologia Organizacional, que é a área da Psicologia que estuda o comportamento humano no trabalho.
Quando me inseri no mercado de trabalho, deparei-me com uma realidade dura de digerir: passei a conviver e me relacionar no trabalho com profissionais que ocupavam posições de liderança, mas raramente tinham comportamentos que justificassem essa posição. Conforme fui evoluindo na minha carreira e exercendo papéis de liderança nas organizações por onde passei, isso ficava cada vez mais evidente.
A Realidade dos “Chefes” e a Falta de Segurança Psicológica
Aqui vou chamar de chefes aqueles que não desempenhavam seu papel de líder. Esses chefes dificilmente demonstravam empatia, habilidades de relacionamento interpessoal, sensibilidade social, comunicação assertiva, escuta ativa, feedback, conversas produtivas, habilidade para gerir conflitos produtivos e muito menos a capacidade de desenvolver as pessoas que estavam sob a sua subordinação.
Embora a principal justificativa para esses chefes atuarem dessa forma fosse a busca pelos resultados e pela alta performance, essa postura tinha exatamente o efeito contrário: falta de engajamento, colaboradores esgotados, equipes desunidas, falta de clareza sobre papéis, falta de propósito claro, falta de confiança, sentimento de insuficiência e incompetência, ambiente de trabalho regido pelo medo e pela insegurança (o velho “manda quem pode e obedece quem tem juízo”), além de indicadores de absenteísmo, turnover e adoecimentos aumentarem constantemente e, com isso, resultados medianos e insustentáveis. Mas sabe o que era o pior? Eles não tinham consciência a respeito do efeito que os seus comportamentos causavam nas pessoas ao redor.
A Necessidade de uma Nova Liderança
Em pouco tempo atuando como líder de equipes e apoiando outros líderes no seu processo de desenvolvimento, fazendo uma comparação com o novo mundo do trabalho, entendi que uma nova liderança precisava emergir nas organizações. E desde então, são as habilidades da liderança transformacional que tenho desenvolvido em líderes por todo o Brasil em organizações de diversos tamanhos e segmentos.
Empresas são organismos vivos constituídos por pessoas. Porém, pessoas não se conectam nem se engajam com empresas. Pessoas se conectam e se engajam com pessoas. E as pessoas que precisam fazer esse engajamento acontecer são as lideranças das organizações. Neste caso, a liderança transformacional é o que, na minha opinião, fará a diferença para os resultados organizacionais no mundo BANI.
O Mundo BANI e a Liderança Transformacional
Antes de aprofundarmos na Liderança Transformacional, precisamos esclarecer o conceito de mundo BANI. Há alguns anos vivíamos no mundo VUCA, no entanto, a definição de mundo VUCA tornou-se obsoleta para o mundo atual. O mundo BANI descreve a situação atual de um mundo pós-pandemia, abordando o estado emocional e as perspectivas desse novo mundo em que vivemos e que a próxima geração de negócios viverá.
MUNDO VUCA | MUNDO BANI |
Volatile – Volátil | Brittle – Frágil |
Uncertain – Incerto | Anxious – Ansioso |
Complex – Complexo | Non-linear – Não linear |
Ambiguous – Ambíguo | Incomprehensible – Incompreensível |
A Liderança Transformacional é o estilo de liderança ideal para os desafios que já estamos enfrentando, especialmente após a crise do Covid-19, e que enfrentaremos nas próximas décadas. No entanto, muito pouco se sabe a respeito desse estilo de liderança fundamental para inspirar novas mudanças, gerar inovações, promover ambientes de trabalho mais saudáveis para as diversas gerações e para desenvolver profissionais que alcancem sucesso em suas atividades.
A Segurança Psicológica na Cultura Organizacional
Líderes transformacionais são genuinamente interessados em pessoas e no seu desenvolvimento e não estão apenas preocupados e envolvidos no processo, mas também focados em ajudar cada profissional a ter sucesso, assumindo o controle das situações, transmitindo uma visão clara dos objetivos da organização e do time. Esses líderes têm paixão pelo trabalho e capacidade de fazer com que todo o seu time se sinta energizado.
A segurança psicológica é um componente vital da cultura organizacional. Quando os colaboradores se sentem seguros para expressar suas opiniões e erros, a qualidade das relações melhora, resultando em equipes mais coesas e produtivas. Isso, por sua vez, fortalece a cultura organizacional, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento e sucesso.
Empresas que investem em segurança psicológica tendem a ter menores taxas de turnover e absenteísmo, além de maior satisfação e engajamento dos colaboradores. O Google, por exemplo, através do Projeto Aristóteles, descobriu que a segurança psicológica é o fator mais importante para a alta performance das equipes.
A segurança psicológica é essencial para o desenvolvimento de uma cultura organizacional forte e saudável. Investir no desenvolvimento individual, coletivo e organizacional, com foco na qualidade das relações interpessoais, é crucial para o sucesso a longo prazo. Empresas que compreendem e implementam esses princípios estão melhor posicionadas para enfrentar os desafios do mundo moderno e alcançar resultados extraordinários.
Veruska Galvão É especialista em Liderança, Segurança Psicológica e Cultura Organizacional. Empreendedora e psicóloga organizacional dentre tantas outras funções que a apoiam na condução de líderes e RH’s para a transformação do mundo do trabalho. Ama trabalhar com GENTE e seu negócio, definitivamente, são pessoas. Palestrante e escritora. É fundadora da Akademia de Transformação Organizacional, empresa de educação corporativa focada na formação de agentes de transformação do novo mundo do trabalho. E idealizadora do Movimento Maio Humanizado.