Atualização da NR 1 e o Futuro da Saúde Mental no Trabalho
Por Veruska Galvão
Saúde mental no trabalho é um tema que tem ganhado cada vez mais relevância – e não é para menos. Estudos e pesquisas recentes mostram que o bem-estar dos colaboradores é uma responsabilidade coletiva, que envolve desde lideranças até o último nível da organização. Mas como garantir que as empresas estejam alinhadas a essa tendência global? A resposta passa diretamente pela cultura organizacional.
A cultura é o padrão vibratório do ambiente. Isso significa que ela é a energia, os sentimentos e os comportamentos que permeiam o ambiente de trabalho. Uma cultura organizacional pode tanto promover o adoecimento quanto sustentar o bem-estar. Por exemplo:
- Se há lideranças com comportamentos que sobrecarregam e desrespeitam os colaboradores, a cultura tende a adoecer.
- Por outro lado, se as lideranças são cuidadosas, apoiadoras e incentivam boas práticas, a cultura se torna um fator de saúde.
Essa percepção é fundamental para compreender que a saúde mental ultrapassa iniciativas pontuais, devendo se tornar um pilar estrutural nas empresas.
Pesquisas recentes revelam que os profissionais desejam mais do que distrações no ambiente de trabalho. Eles buscam estabilidade, autonomia e pertencimento. Esses elementos são fundamentais para criar ambientes saudáveis e sustentáveis. Veja alguns dos desejos mais comuns entre os trabalhadores:
- Ambientes estáveis: que promovam tranquilidade financeira.
- Reconhecimento: o sentimento de serem valorizados.
- Cargas de trabalho equilibradas: para evitar o burnout.
- Pertencimento: um ambiente de trabalho que seja uma verdadeira comunidade.
- Flexibilidade e autonomia: para moldar suas jornadas de trabalho de acordo com suas realidades.
Em 2025, entra em vigor uma atualização importante na Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1). Essa mudança exige que as empresas gerenciem também os fatores psicossociais, além dos riscos físicos, em prol da saúde integral dos colaboradores. As organizações terão até maio de 2025 para apresentar evidências de que estão tomando medidas concretas para atender a essa norma.
Essa exigência vai além de soluções paliativas ou superficiais. Trata-se de um convite à construção de uma cultura organizacional saudável, que impacta diretamente a saúde mental e a produtividade.
Quem trabalha com Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO) tem a missão de liderar essa transformação. Isso inclui:
- Sensibilizar as lideranças para a importância de ambientes saudáveis.
- Implementar programas consistentes de gerenciamento de riscos psicossociais.
- Garantir que as iniciativas sejam aplicadas em todos os níveis da organização.
A segurança psicológica é um fator chave nesse processo. Como costumo dizer, ela é o veículo que conduz à saúde mental e, consequentemente, à alta performance.
O futuro não está na tecnologia, mas no compromisso humano. A tecnologia é uma ferramenta que nos serve, mas as relações humanas e a consideração pelas necessidades dos colaboradores é que determinam uma organização saudável. Isso significa:
- Garantir segurança emocional.
- Fomentar o senso de comunidade.
- Priorizar uma cultura organizacional que respeite as pessoas.
Por isso, é fundamental que as empresas iniciem o debate sobre o que é uma organização mentalmente saudável e como podem alinhar suas práticas a esse objetivo.
A saúde mental no trabalho é um tema que exige responsabilidade coletiva e um olhar atento à cultura organizacional. Mais do que seguir normas, como a NR-1, é preciso construir ambientes de trabalho sustentáveis, onde as pessoas se sintam valorizadas e pertencentes.
Veruska Galvão É especialista em Liderança, Segurança Psicológica e Cultura Organizacional. Empreendedora e psicóloga organizacional dentre tantas outras funções que a apoiam na condução de líderes e RH’s para a transformação do mundo do trabalho. Ama trabalhar com GENTE e seu negócio, definitivamente, são pessoas. Palestrante e escritora. É fundadora da Akademia de Transformação Organizacional, empresa de educação corporativa focada na formação de agentes de transformação do novo mundo do trabalho. E idealizadora do Movimento Maio Humanizado.
